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E então acontece a mágica e nesse encanto maravilhas surgem em nossa vida.

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Magicamente



O rapazola se misturou as cortinas atrás do tablado e quando estas se abriram, subindo feito uma sanfona desengonçada lá estava ele todo abobado num ridículo traje destoando de qualquer coisa; Cartola, fraque e gravata borboleta, num  esquálido esticado corpo esguio sem capricho ou compostura, engomado e enrolado a termo de quem se demorou a alcançar aquele intuito. Fixo sobre o nariz avantajado uma bolinha vermelha tal um incomodo palhaço mudo de olhar profundo num alguém perdido diante da censura de uma plateia ausente. Ou talvez, procurando por um sorriso, buscando cumplicidade ou algo mais como uma presença amiga espiritual  acolhedora que o encorajasse a seguir naquele intuito.

Um mágico ou um truão,um saltimbanco naquela silhueta muda e sorrateira aproveitando o espaço dentre o súbito da orquestra e o silêncio da plateia como se não fosse uma próxima atração e descabido de como atuar apenas ousasse se aventurar naquele espetáculo anônimo em particular. 

O cortinado foi-se abrindo vagarosamente, arrastando-se pelo assoalho do palco tão cheio de suspense quanto inusitado o moço ainda de rosto maquiado encoberto com a enorme e sinistra cartola, insurgiu daquele turvo já retirando uma das luvas e nada de aplausos acontecia... 

Todos queriam curiosamente algo mais além daquela entrada fútil entediada. O tocador da tuba engoliu a seco mal sabendo se acompanhava os movimentos daquele vulto singular com onomatopeias insignificantes ou se permitia algum acompanhamento de improviso; então se decidiu por aguardar até que se desenrolasse algo espontâneo da parte dos metais ou tambores dali em diante, mas tudo era silêncio como se nenhum pasquim aguardasse um algo de novidade.

Ele mesmo talvez desejasse já ter se apresentado e sido aplaudido ou bem recebido e atingido o sucesso esperado, no entanto o presente momento era fútil até aquele instante nada agradava os demais expectadores. E então o estranho e audacioso mágico anônimo, chamou a atenção com gestos sincronizados de uma condição da orquestra que passou a mimicar seus movimentos com proeza e eficácia,.
Ruge estão os tambores!
E seus simples movimento pareciam conter música propícia, agora como se ele mesmo fosse um maestro colocando suas mangas de fora encantava com tão pouco a ponto de insinuar algumas palmas tímidas lá do fundo. Sua luva branca destacou-se por si, pois solta no ar bailou distantes das mãos exigindo maior atenção dos convivas. Acinturou-se sem modéstia, o mago ali de braços cruzados fez-se notar retirando da cartola ingrime um mata-mosca e pôs-se a perseguir a luva fujona e aquilo era estranhamente convincente, aquele moço tinha talento.
Ele levitou no ar, fez sumir e reaparecer coisas ousando bular a própria ciência, irritando a concorrência que os boatos alcançaram os camarins, despertou a curiosidades dos críticos que já planejavam novos shows e espetáculos com novas plateias. E então o magico magicamente decidiu encerrar, agradeceu com acenos e  silêncio, ofertando cumprimentos de realeza curvou-se de cartola em punho. Um pássaro branco e luminoso plainou todo o antro levando luz até lá nos corredores, dai retornou ao mágico como um facho de luz radiante em modesta e encanto. As cortinas foram se fechando e ele então desapareceu com encanto e aplausos.
Quando tantos se levantaram curiosos em saber quem era aquele talento nato, apenas um homem choroso sentando em um banco lá junto as cordas e maranhado sabia quem era aquele moço.
_Noutro dia um garoto burlou a segurança e entrou até meu escritório a termo de implorar que lhe desse uma chance de agradar este público, disse o dono do lugar em soluços, o garoto teimava em firmar que sabia agradar e conquistar esta gente indelével... Neguei-lhe a chance de subir ao palco e sequer permiti-lhe uma demonstração, ele vestido daquela mesma roupagem implorou-me que lhe permitisse pelo menos uma mágica, retirou seu pássaro da cartola e o chamou de luz serena, um dos segurança esbofeteou o pássaro em pleno voou e o bicho caiu morto aos pés do moço, ele então abaixou pegou o pássaro  e o fez reviver com um sopro e tudo aconteceu tão rápido, tão magicamente, pois o segurança crendo na possibilidade do garoto revidar de alguma forma sacou sua arma e atirou no moço que morreu em meu braços e suas últimas palavras foram...
_Eu só queria agradar...
_Hoje todos nós o enterramos, logo cedo, todos os acordes, toda a sinfonia e orquestra, todos os comediantes e garçonetes e serviçais, toda esta casa de show... Porque ainda ontem nós o matamos quando censuramos a chance dele brilhar no palco dos nossos preconceitos com a simplicidade de algo sem truque.

Didio Dufrayer-Autor

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